quinta-feira, 23 de julho de 2009


I'm a tree that grows hearts
One for each that you take
You're the intruder hand
I'm the branch that you break
Bjork - Bachelorette - 1997 - do álbum Homogenic

Os versos de Bjork, extraídos do single Bachelorette servem como uma metáfora bem interessante para tratar a nossa natureza afetiva.
A letra sugere que somos todos árvores cujo fruto é o amor.
Mesmo que nos roubem "corações", nossa composição primordial nos possibilita brotar ainda mais frutos.
Há, claro, estações em que secamos e, no lugar do sentimento fresco e suculento, só temos galhos quebradiços, frágeis e sem graça.
Para a árvore existe a certeza da chegada da primavera uma vez ao ano.
Já nós somos obrigados pelas circunstâncias a viver outonos que nos parecem exageradamente longos.
Nesses períodos, ficamos sujeitos a "intrusos" que, como diz a letra, quebram nossos galhos. Alguns por não enxergarem que estamos vivendo nessa estação infrutífera.
Tudo que veem quando nos olham é uma árvore como todas as outras.
Esses tentam nos escalar em busca daquela fruta tão gostosa porque têm certeza de que nas copas mais altas há de ter um exemplar vermelhinho e lustroso esperando por eles – e vão nos quebrando no caminho.
Chegam lá e não encontram absolutamente nada, além da vista privilegiada para o deserto – ou como dizia Marina Lima na canção de Alvin L., "Solidão com vista pro mar".
O importante é a gente saber que tipo de árvore se é (ou está).
E entender que a natureza é sábia e não há inverno que dure para sempre.

Por Alex Cunha (http://fulgas.blogspot.com/2009/07/galhos.html)